segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

2012

Desde sempre que a minha altura do ano preferida é a passagem de ano. Adoro a sensação de uma nova oportunidade que esta altura sugere. É tempo para parar e rever tudo o que foi feito no último ano, definir novas prioridades e estruturar o rumo que quero para a minha vida. O final de Dezembro não significa só a mudança do ano, mas também a oportunidade de mudar a minha vida. Se realmente precisar de mudar alguma coisa obviamente que não tenho de ficar à espera do novo ano, mas há sempre um conjunto de coisas que apenas podem ser mudadas nesta altura, pela desculpabilidade que esta altura sugere no que respeita às mudanças radicais.

No ano novo o passado fica onde está, juntamente com os arrependimentos, as tristezas, as más notícias, más amizades, os falhanços e os corações partidos. O um de Janeiro inspira um renascimento, um acordar para a vida, sobretudo se forem como eu que passo a meu ano a “dormir” e a não fazer nada do que quero nem a chegar onde quero. É altura para deixar de ter medos, deixar de me preocupar com a mínima coisa e ganhar coragem para ir à conquista do mundo, ou pelo menos do meu mundo, ao qual tenho direito mas o qual tenho medo de dominar. Por algum motivo recuso sempre a fazer meu ao que é meu por direito, tudo devido a esta estúpida mania de andar em pezinhos de lã não vá incomodar ou magoar alguém. Acabo sempre por colocar a necessidade de agradar os outros à frente daquilo que quero. Portanto todos os anos, estou na mesma posição que estava no ano anterior e volto a colocar nas minhas resoluções o esquecer o que os outros dizem, ou pensam, tomar mais iniciativa e ser activa na minha vida.

É por isso que gosto da passagem de ano, esta esperança de que é este ano que tudo vai mudar para melhor enche-me de vontade e força para acordar todos os dias com outra energia. As coisas acabam sempre por mudar ligeiramente, nem que seja através de um pequeno efeito “placebo”. Mas no geral sou sempre desiludida porque não noto grandes diferenças nas coisas importantes, nas que requerem mais maturidade.

O último ano no geral foi muito bom, o melhor desde que vim para Lisboa, diverti-me imenso e conheci pessoas maravilhosas. No entanto, no particular já há algumas queixas a fazer. No que respeita aos estudos, sinto que mato-me a estudar, até meu limite, mas nunca é o suficiente, o que resulta em desmotivação e menos vontade de estudar. Ainda neste sentido, cada vez mais vejo os meus pais com dificuldades financeiras, muito devido ao peso que os meus estudos e da minha irmã provoca, e não poder fazer nada para ajudar também faz-me morrer um bocadinho por dentro. Apesar de ter feito novas e fantásticas amizades neste último ano, também perdi algumas de forma estúpida e as quais quero de volta. Para não falar no facto de me ter apaixonado, sem procurar, sem estar a espera nem o querer de todo. Assim, sem mais nem menos, sem acrescentar nada de bom à minha, já patética, vida, para além de mais dores de cabeça e incoerência.

No novo ano nada pode até mudar, mas só o saber que é a altura ideal para fazer um novo esforço e ter uma nova atitude perante os obstáculos e as dificuldades faz-me voltar a sentir bem. Infelizmente as minhas passagens de ano nunca são nada de especial, apesar de viver na Madeira muito raramente vamos ao Funchal ver a melhor passagem de ano do mundo. A confusão que encontramos na cidade faz-nos perder a coragem de sair de casa, portanto acabamos por ficar sempre no sofá a ver pela televisão enquanto comemos uvas e passas e beber tudo que o houver para beber. Não é a passagem ideal, mas ficar de pijama e quentinha em casa é uma boa alternativa.

Este ano nem a isso tive direito, e portanto foi até a data a pior passagem de ano. Voltei para Lisboa no 31 de Dezembro à noite, por não haver mais vagas em nenhum dos outros dias(e porque tenho exames já no início da semana). Quando cheguei cá a casa, faltavam quinze minutos para a meia-noite, tempo suficiente para me enfiar na cama a acabar ver o Midnight in Paris. Foi assim que entrei em 2012. Como se não bastasse o primeiro dia do ano foi simplesmente horrível também, como se as entidades superiores estivessem a observar e a se divertir com a desastrosa Marta.

Assim, decidi quebrar a minha tradição e não fazer quaisquer resoluções para este ano, não desejar nem esperar nada. Apenas ir lidando com o que me aparecer pela frente e começar a fazer mais por mim. O ano começou mal mas, vendo pelo lado positivo, agora só pode melhorar.


(julgo que a foto é do ano passado, mas é o quão bonita a passagem de ano na ilha consegue ser)

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